domingo, 28 de junho de 2009

Três fotos de domingo: para nossa dinda Sa


Tom (esq) e Vi (dir): prontos para a primeira festinha. Da amiga Manu


quarta-feira, 24 de junho de 2009

Segunda chance

Aos poucos, fico cada vez mais com a sensação de que estamos todos nos entendendo melhor. Sei, por exemplo, o jeitinho certo de acalmá-los. Jeito, claro, diferente para cada um. No colo, o Vitor gosta de manter a cabeça virada para fora. Já o Tomás se aninha sempre com o rosto voltado pra mim. De vez em quando, ele arregala a vista e dá um sorrisinho, como quem diz: "Você continua aí, que bom!". Os dois também já se bastam, sabe? Deitados lado a lado, agora eles demoram mais para reclamar a minha ausência. Gastam uns bons minutos se admirando e, muitas vezes, riem um pro outro. Eu derreto.

Não me soa exagero dizer ainda que eles conversam. Entre si e com a gente. Está certo... as palavras saem na forma de gritos e umas risadas igualmente altas, mas eu entendo o que significam. A dupla tem se divertido nessa jornada de descobertas do mundo ao redor. E, por tabela, me levam junto. Hoje de manhã, acordei com 33 anos (que horror!), uma barriguinha que insiste em permanecer comigo, mais uns fios de cabelo branco, mais umas manchinhas na cara e muitas dúvidas adolescentes. E me peguei maravilhada com o laranja vivo do suco na mamadeira. Como se nunca tivesse visto a cor na vida. É que agora eu experimento a delícia de conhecer as coisas de novo. Sim, ser mãe traz uma espécie de segunda chance. Posso hoje ver as coisas através dos olhos dos meus filhos. E as coisas, bobas, simples, têm parecido mais bonitas.

ps: o que as pessoas querem de fato falar quando comentam que estou com cara de mãe? Encaro como um elogio ou ligo o sinal de alerta? É... a autoestima fica um tanto abalada quando se assopra 33 velinhas.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Papa de banana

O pediatra pediu paciência. Acho que já percebeu que sou (muito!) ansiosa. Na última consulta, disse: "Mas não vá com muita expectativa, tá? Vai ser a primeira vez que eles irão comer algo sólido. Certamente estranharão!" Foi no sábado passado. O pai voltou do supermercado com uma penca de banana-maçã bem docinha. Coloquei no pratinho lindo que a avó deu de presente, amassei a fruta o máximo que consegui - virou uma papa meio nojenta - preparamos a câmera para registrar as caretas. E elas, de fato, dominaram a "experiência". Nem sei se dá para falar que o Vi e o Tom comeram mesmo banana. Os dois tiveram a mesma reação. Primeiro, cuspiram tudo. Depois de muita insistência, desconfio que só para nos agradar mesmo, eles resolveram segurar os pedacinhos na boca por alguns segundos. Mas só. Na seqüência, cuspiram tudo de novo. E pronto. O Tofu, nosso cachorro, foi quem se esbaldou com a banana que, também pela primeira vez, invadiu sua tigela.

ps 1: Hoje, a Maria tentaria mamão papaya. Preciso ressaltar que escrevo este post da mesa do trabalho me controlando para não sair correndo e acompanhar a segunda aventura gastronômica de perto?

ps 2: Não sei se eles adotaram essa rotina por pura sacanagem ou como prova de amor. O fato é que esperam o relógio bater meia-noite para fazer aquele cocô mole e fedido, sabe? Por que não carimbam as fraldas no horário de trabalho da babá? Quando acho que os dois já estão calmos, tenho de acender a luz do quarto de novo. Eles riem e a troca vira uma bagunça. Temos ido dormir bem tarde...

ps 3: No post passado, não fiz justiça com o Tomás. Ele ainda não sabe me mandar beijo, mas consegue levantar as duas pernas tão alto que quase dá cambalhota! O Vitor, preguiçoso que só ele, levanta uma só. Bem de vez em quando.

sábado, 20 de junho de 2009

Barriga dupla

Os meninos estão prestes a completar seis meses e eu ainda sofro por não ter perdido aquela barriga. Ok, todo mundo sabe que muitas mães demoram a voltar à forma depois da gravidez, mas é sério que vale pra mim também?

Logo que a gente descobriu que vinha gente nova por aí, a alegria foi tão grande que festejamos com tudo o que a aclamada cozinha paulistana oferece de... pior. Empadas, sanduíches gordurosos, doces, milkshakes, salgadinhos... Um tributo à caloria atrás do outro.

Quando veio a notícia de que seriam dois, então... Por que não celebrar em dobro, certo?

Logo, logo, caiu a ficha de que deveríamos tocar a gestação da forma mais saudável possível. E, enfim, começamos a maneirar.

No quinto mês, soubemos que os meninos, lá dentro do útero, já brigavam para ver quem comia mais. Assaltar a placenta na calada da noite e não dividir os nutrientes com o irmãozinho podia ser fatal para ambos.

Hoje, ao olhar para dois pequenos budas no carrinho à minha frente, dá para brincar com essa história. Na época, no entanto, foi um sufoco. Semanas de tensão, ansiedade, um ultrassom atrás do outro. Junto, comida e mais comida em busca de conforto.

Agora, com calma e a rotina da casa bem mais organizada, chega a hora de tomar vergonha na cara. Preciso estar em forma para dar conta de brincar com essas duas peças.

Sei bem que os amigos e parentes sempre oferecem uma palavra para me deixar pra cima. "Imagina! Você está com o corpo de sempre".

Obrigado, mas sei que não é verdade.

Meus filhos, fiquem tranquilos. Vou fechar a boca e virar atleta. Regime à vista!

Mas só segunda-feira. Porque hoje o papai aqui vai tomar mais umas cervejinhas para comemorar - pela enésima vez - os dois (três?) gordinhos mais simpáticos de Pinheiros.

Assinado: Pablo.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Um dia de cada vez

Agora, toda noite segue mais ou menos assim: chego em casa correndo para render a babá e dar a mamada das oito. Terminada a fome deles, vou então cuidar do meu jantar. Sento à frente da tevê, coloco os dois no carrinho e a gente fica "conversando" enquanto rola a novela e eu mastigo alguma coisa. Volta e meia, do sofá, mando um beijo pra eles que, até ontem, respondiam ao carinho com um daqueles sorrisos gostosos. Hoje não. Hoje, o Vitor, depois de observar bastante o movimento dos meus lábios a cada beijo que eu soltava, conseguiu fazer a mesma coisa. Sim, vou escrever aqui com todas as letras porque - desculpa o momento descontrolado da mãe coruja - a situação merece. Hoje meu filho provou que é um gênio! Aos cinco meses, ele me manda beijo de volta. Liguei para o pai, para a avó, filmei a cena. Tenho um gênio em casa!

Mas não é sempre que sinto isso, sabe? Ler, por exemplo, aqueles livros de bebês me causam uma angústia danada. Os médicos colocam lá uma lista de coisas que os pequenos aprendem a fazer a cada mês e, muitas delas, os meus alcançam um pouquinho mais tarde. Antes, eu ficava neurótica. Cheguei a gastar umas manhãs inteiras com "exercícios" para fortalecer o pescoço deles, por exemplo. Como se pudesse controlar o tempo de seu desenvolvimento. Que pretensão!

Pela sanidade mental e espiritual dos fofos, agora eu seguro a onda. Deixo a literatura infantil na estante. E me entrego às evoluções sutis que eles me mostram a cada dia. Outro exemplo? Eu dava um brinquedo na mão deles e nada... eles simplesmente não seguravam. Daí, numa noite qualquer, resolvi oferecer a peça de plástico à outra mão. A esquerda. Os dois agarraram as chaves coloridas e não largaram por um tempão. Descobri que, pelo menos por enquanto, eles são canhotos. E estavam só esperando que a mãe ansiosa deles percebesse isso. Com calma. Como deve ser. Ou melhor: como eu acho que deve ser. E tento fazer.

domingo, 14 de junho de 2009

Três fotos de domingo

Tom (esq.) e Vi (dir.)
Vi (frente) e Tom (atrás)
Vi (esq.) e Tom (dir.)

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Despedida de casal

Na véspera do dia dos Namorados, acho oportuno dar uma dica para os casais amigos que ainda não têm filhos. Porque, quando eles chegam, a gente sente saudade das coisas mais corriqueiras. Enfim, à turma organizada, que se programa, eu diria para tirar um ano antes da gravidez e...

- levantar ao meio-dia todo sábado e domingo. Ficar se espreguiçando na cama, ler jornal na cama, tomar café da manhã na cama. Tipo aquelas propagandas mesmo.
- ir ao cinema. Emendar um filme no outro. Encarar sessões de estréia à meia-noite. Acompanhar as mostras internacionais.
- jantar fora. Conhecer aquele bistrô novo que recebeu uma crítica positiva na revista. Experimentar pratos exóticos. Gastar um dinheiro bom em uma refeição. Sem dó.
- encher a cara. Aqui é para beber vinho, vodka, cerveja até perder a noção mesmo. Sem medo de ficar com sono. Sem medo de tropeçar e cair. Muito menos de falar bobagem.
- namorar muito. Beijar bastante na boca. Aqueles beijos longos, de filme. Programar noites românticas, com direito a pétalas de rosa sobre o lençol.
- sair com os amigos. Promover encontros com o pessoal do colégio, da faculdade. Topar todos os happy hours da "firma". Receber uma galera em casa sem se preocupar com fumantes e afins.
- desligar o celular. Sei lá. Ficar assim... uma tarde inteira offline.

Quando os filhos nascem, nossa cabeça muda. Mais cedo ou mais tarde, voltamos a jantar fora, ir ao cinema, namorar, sair com os amigos. Mas há sempre um compromisso maior nos rondando. O que não deixa de ser delicioso, claro. Só que torna tudo diferente. E às vezes assusta.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Sobrevivência

Ufa! Foram três dias bem intensos. Tentar descrever o que senti ao me ver descendo a escada do prédio em direção a uma jornada inteira de trabalho - e, portanto, longe deles - é tarefa ingrata. Vou então só detalhar uma cena da última segunda-feira. Uma cena que se repete a cada quatro horas, todos os dias.

Meus peitos cheios começam a doer. Pego minha bombinha e vou para o banheiro. Entro em uma das cabines, tranco a porta e sento no vaso com a tampa fechada. Levanto a blusa e tiro, no mínimo, 100 ml de leite de cada seio. O processo todo demora pelo menos uns vinte minutos. Sempre fico um pouco constrangida por ocupar um dos sanitários por tanto tempo. Mas não há outro lugar que me garanta privacidade para fazer isso. Enquanto tiro leite, penso neles que, no exato momento, mamam um leite em pó, em casa, com a Maria. Esvazio duas mamadeiras na pia. E choro. Choro só um pouquinho. Nada de borrar o rímel. Ou de deixar a cara vermelha a ponto de o chefe ou os colegas perceberem. Então volto para a minha mesa e o meu computador.

Ainda bem que amanhã é feriado. Assim, vou encarando a situação a prestações. Segunda que vem a rotina toda deve estar já mais fácil. Algumas táticas têm me ajudado bastante. Providenciei, por exemplo, um CD bem animado para deixar no carro e agora vou cantando para o trabalho. As músicas mais eficientes são aquelas que dão uma certa vergonha de contar, sabe? Algo na linha Abba e sua "Dancing Queen"... Sim, é melhor as pessoas pensarem duas vezes antes de me pedirem carona. Morder um chocolate também se prova cada vez mais providencial. E a isso eu consigo recorrer a qualquer instante! Ufa! Já foram três dias.

domingo, 7 de junho de 2009

Três fotos de domingo


Nas três: Vi (esq.) e Tom (dir.)

sábado, 6 de junho de 2009

Vitamina C

As poucas situações em que tive de espremer algo parecido com laranja na vida foram para fazer uma caipiroska. Ou seja, espremi limão em algumas ocasiões. Nunca descasquei a fruta. De vez em quando, misturo inclusive a casca na vodka. Pois hoje, no meio da manhã, me vi na cozinha diante de uma dúzia de laranjas-lima (claro que pedi ajuda no supermercado para identificá-las), um espremedor e uma faca. Foram uns bons minutos até que eu entendesse como funciona aquele aparelho antigo, mas que, desde que ganhei, permaneceu na caixa. Outros bons minutos para descascar a fruta. Mais muitos minutos para me divertir com aquilo tudo, sentir um baita orgulho de mim e estar, enfim, com as duas mamadeiras prontas. Pela primeira vez, o Vitor e o Tomás tomaram algo diferente de leite na vida.

Quer dizer, será que posso bancar que eles tomaram mesmo? Primeiro coloquei o Vi no colo. Ele abriu a boca mas, quando sentiu o gosto estranho, fez uma careta e relutou bastante em seguir adiante. Insisti, expliquei para ele o quanto era uma vitória eu ter preparado aquilo tudo sozinha, blá, blá, blá. Só não fiz aviãozinho porque a estratégia combina mais com uma colher mesmo. E só é eficiente com bebês maiores. Ele acabou bebendo bastante. Bem sem vontade. O Tom foi menos maleável. Bastaram algumas gotinhas laranjas no lábio para que ele cuspisse tudo de forma contundente. Não houve jeito de convencê-lo a experimentar a coisa de novo.

Amanhã, vou repetir o ritual. O pediatra explicou que eles precisam acostumar o paladar. É delicioso assistir a eles descobrindo algo para nós já tão banal. É também cansativo. Até pouco tempo, sua fome só exigia que eu abrisse a blusa e mostrasse o peito. Agora, a cozinha está lá me esperando... com uma pia toda respingada de suco e um espremedor sujo. No trocador, bodys molhados com o que eles tentaram pôr pra fora. E, diante do espelho, uma mulher descabelada que precisa tomar banho e pensar em almoçar... São mais de três da tarde. Eles, no entanto, dormem agora feito anjinhos. Quem sabe não sonham com... suco de laranja?

PS 1: antes que alguém pense mal de mim - eu me arrisco na cozinha. Suco é que eu gosto do de pozinho mesmo. É tão gostoso e prático, né?

PS 2: retiro o que disse sobre eles dormirem direto até nove da manhã. Nesta madrugada, desde às três da manhã, eu levantei de meia em meia hora para colocar a chupeta na boca de um deles. Acho que de tanto que eu neguei dar-lhes chupeta, os dois detestam a borracha calmante. Bem feito pra mim!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Força na peruca

Eles estão estranhando as pessoas. Quando não reconhecem alguém, abrem o berreiro. Sem cerimônia. E deixam a mãe aqui um tantão sem graça, sabe? Sempre critiquei aquelas crianças que, na frente dos outros, ficam se escondendo nas pernas dos pais. Quero que eles sejam despachados. Ao mesmo tempo, preciso confessar: dá um certo orgulhosinho ganhar uma prova de que eles já me identificam em meio às muitas pessoas que lhes dirigem gracinhas. Perceber isso tem ainda um sabor especial a poucos dias do fim da licença-maternidade. É como se eles me dissessem: "Vai tranqüila! A gente te espera!"

Pois hoje, numa espécie de prévia para a... próxima segunda-feira, deixei os dois com a Maria e me dei de presente um, digamos assim, "dia de princesa". Fui ao cabeleireiro. Fiz a mão, o pé, cortei o cabelo. Ah! Folheei também a Caras, a Contigo, a Quem. O celular, que antes permanecia até desligado nessas horas, ficou do lado de fora da bolsa para eu ouvir o toque em meio a tantos secadores ligados. Mas foi só. Segurei a onda como uma mulher decidida e poderosa. Tipo uma executivona dessas que, às dez da noite, continuam em cima do salto agulha, cheirosas e com o penteado no lugar, claro.

Me desesperei na volta. Saí de lá às cinco da tarde e amarguei um congestionamento monstro. Depois de cinco meses enfurnada em casa, havia me esquecido completamente do trânsito paulistano. No carro, os peitos cheios de leite começaram a doer. A saudade apertou. E as unhas e os cabelos "novos" já nem pareceram mais tão legais assim. Eu, que tinha me policiado para dar "só" dois telefonemas para a babá durante a tarde, acabei me descontrolando. Liguei umas três mais. Na terceira, a sorte foi que senti vergonha suficiente para não pedir que ela colocasse os dois na linha. Mas já em casa, quando o pai ligou lá do outro lado do oceano, e sem a babá ver - tenho senso do ridículo! -, levei o fone ao ouvido do Tom. O fofo permaneceu quieto, mas o pai certamente me entendeu.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Um recorde

A babá chegou há pouco em casa e recomendou que eu nem falasse muito no assunto para não atrair "olho gordo". Mas não resisto. Nesta semana, o pai dos meninos está viajando a trabalho. Portanto, fico sozinha com eles das oito da noite até às onze da manhã do dia seguinte, período em que deixo a Maria descansar um pouco. Quando ela abre a porta e se despede, sempre sinto um certo frio na barriga. Olho para os dois anjinhos e peço para que tudo corra bem. Pois nesta noite, tudo correu mais do que bem. Foi assim: dei a última mamada, à meia-noite, e coloquei os dois no berço. Eles reclamaram um pouco. Sempre reclamam. Mas foi o tempo de eu ir até o meu quarto, colocar o pijama e escovar os dentes. Quando voltei, eles já dormiam, devidamente embrulhados em cobertores fofinhos - eu tinha ouvido na tevê que esta seria uma madrugada bem gelada. Liguei a babá eletrônica e pensei em ajustar o despertador: "Pra quê? Os dois certamente vão me acordar bem cedinho." Dormi também, devidamente embrulhada no meu edredon.

Quando abri os olhos novamente, achei estranho estar tão bem disposta. Achei estranho o absoluto silêncio. Imaginei então que fossem ainda umas cinco da manhã. Eram nove! Levantei correndo, com medo de não ter ouvido o choro dos meninos, de algo ter acontecido, sei lá. Encontrei a dupla no mais profundo sono. Abri a janela do quarto devagar. Eles se mexeram. Mas só para fugir da luz, garantindo mais um tempinho no berço. Juro que fiquei uns cinco minutos sem saber o que fazer. Acordá-los? Ir tomar café com o Tofu (meu cachorro) como nas velhas manhãs? Decidi dar início à mamada mesmo. Eles estavam a muitas horas sem comer. Em cima do trocador de plástico, frio, espreguiçaram-se como adultos diante de mais um dia de trabalho. E então me viram. E sorriram. Eu ganhei o melhor "bom dia" do mundo. Ganhei ainda a sensação de que, aos poucos, a casa vai entrando numa rotina mais gostosa. E descobri que bebês, além de pegarem os costumes dos pais - no caso, o meu costume de dormir muito - não devem ter mau humor.

PS: Papai! Estamos nos saindo muito bem!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Oi, irmão!

Vitor (esq.) e Tomás (dir.): de mãos dadas pela primeira vez

Eles já sabem que têm um ao outro! Ou melhor... eu acho que eles já sabem! Ontem à noite, estávamos nós três deitados na minha cama e, de repente, o Vitor arregalou os olhos e encarou o Tomás. Ficou assim, em um estado de hipnose, por bastante tempo - o que, no caso dos bebês, significa uns três, quatro minutinhos. Depois, riu gostoso, como se falasse: "Oi, cara! Então era com você que eu dividia a barriga da minha mãe! Prazer!" Eu fiz de tudo para que o Tom também percebesse o irmão mas, disperso como ele só, balançou a cabeça de um lado pro outro sem se concentrar em nada. Hoje, no entanto, durante o banho de sol, o Tomás viu o Vitor pelo buraco que há entre os dois lados do carrinho duplo que dividem. E teve uma reação bem parecida. Primeiro, providenciou uma expressão de susto. Na seqüência, sorriu: "Estava mesmo querendo saber por onde você andava, seu Vitor!"

Nossa! Desde que eles nasceram a gente se pergunta quando os dois vão entender que vieram ao mundo em dose dupla. Agora, acho que podemos dizer que o processo de reconhecimento começou. E observar as carinhas que eles assumem quando se olham é um desses privilégios de pais de gêmeos. Mas uma coisa precisa ficar clara: eles iniciaram ontem o reconhecimento racional porque, desde a maternidade, procuram um ao outro de forma instintiva. Lembro que quando chegaram em casa, dormiram por várias semanas no mesmo berço. Eram pequenos demais e a decisão se mostrou bem prática: um ajudava a aquecer o outro. Colocávamos eles sempre bem separados, um em cada canto do colchão, embrulhados em cobertores, escorados por travesseiros. Pois toda vez os dois se mexiam até encostarem as cabeças. Acabavam com o corpo todo torto, mas só sossegavam assim. Um dia, entramos no quarto e as cabeças não só estavam encostadas como eles haviam arranjado ainda um jeito de dar as mãos. Preciso escrever que chorei de emoção? Ok, sem pieguices óbvias...

Para terminar: às vezes, muitas vezes, estou brincando com o Tomás e, quando percebo, o Vitor está rindo também. Ou vice-versa. Eu choro sempre que isso acontece. Eu sei... estou chorando muito! Mas é tão raro presenciar uma cumplicidade assim pura, né? Tomara que eles cresçam com esse sentimento na alma. Porque, por tabela, acho que eu e o Pablo também vamos melhorando como pessoa. Enfim, eles vieram nos salvar. E eu espero ser uma boa aluna.