segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Um e outro

O Vitor adora água de coco. O Tomás não pode nem sentir o cheiro. Aliás, o Tomás recusa-se a colocar na boca uma mamadeira com um líquido transparente, seja água de coco, água água ou chá. Nesse calor, eu uso um truque: dou a água em doses pequenas, numa colher de plástico dessas bem coloridas. Com a brincadeira, ele toma um tanto.

O Tomás pouco se mexe à noite. Deixo-o deitado de lado no berço e, quando vou checar, ele geralmente está na mesma posição. O Vitor gosta de dormir de bruços, o que, para bebês, não é recomendado. Mas, agora que está grandinho, eu tenho deixado. Até porque ele sempre encontra um jeito de se virar. Às vezes, de manhã, acorda de cabeça pra baixo.

O Vitor está com dois dentes na parte debaixo da boca e dois nascendo na parte de cima: um já bem pra fora e o outro só com a pontinha. O Tomás exibe dois embaixo, dois em cima já bem à vista e mais dois a caminho. Com essa vantagem, ele tem adorado morder o irmão. No sábado, deixou uma marca no braço do Vitor.

O Tomás dança a qualquer hora, com qualquer música. Para ele, vale vinheta de comercial, um "parabéns a você", a abertura da novela das oito, os brinquedos a pilha. O Vitor está mais preocupado em imitar o movimento de "não" que fazemos de vez em quando com a cabeça. Ele balança a dele de um lado para o outro, a gente cai na risada, ele se assusta e pára.

Uma exceção (elas sempre existem): os dois ensaiam engatinhar. Por enquanto, só conseguem ir pra trás.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Encontros e despedidas

Eles decidiram. Acho que combinaram uns dias antes, longe de mim. Porque nada além disso explica o fato de terem parado de mamar no peito na mesmíssima data: 11 de novembro. Antes disso, eles vinham já me dando alguns avisos de que a "despedida" estava perto. Mamavam cada vez menos. Houve momentos em que acho que só fizeram isso para me agradar mesmo. Mas no dia 11, os dois só abriram a boca para a mamadeira. E eu achei melhor não insistir mais. Não que a decisão não tenha causado um certo aperto. À noite, sozinha, senti um vazio meio estranho. Nada que levasse ao choro, por exemplo. Mas também nada que pudesse passar sem uma menção aqui.

Na manhã seguinte, estava me arrumando para vir trabalhar quando a babá me chamou. "Vem ver os dois tomando suco!" Eles seguravam as mamadeiras sozinhos. Tipo gente grande. Tá... gente grande não toma mamadeira - mas de vez em quando eu bem que gostaria de uma, viu! Bom, voltando... Desde o dia 12 de novembro, na hora das mamadas e dos sucos, coloco os dois sentadinhos em um canto, entrego-lhes as mamadeiras e pronto. Só preciso ficar por perto ainda porque, volta e meia, um deles se esquece de que precisa ir levantando o frasco à medida que o líquido abaixa. Ou um deles se cansa e derruba tudo.

E uma semana depois da tal "despedida", ganhei ainda outra compensação. Eles falaram "mamã". Tenho lá minhas dúvidas de que dizem isso sabendo que se referem a mim, mas e daí? Também não repetem o "mamã" sempre que eu peço. Mas e daí?

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Três fotos: eles em pb

Vitor (esq) e Tomás (dir)
Vitor
Tomás

terça-feira, 17 de novembro de 2009

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Catarse - parte dois

Quando brincava de casinha, aos cinco, seis anos, lembro que costumava repetir: "E meus filhos são gêmeos!" Às vezes, eram duas meninas, às vezes dois meninos, na maioria do tempo um casal, claro. Depois, já bem grandinha, lembro que costumava dizer: "Quero ter só filho homem. Mulher é muito fresca, confusa. Somos em três lá em casa. Haja paciência!" Mas, quando o médico encostou o aparelho de ultrassom na minha barriga de dois meses - que, é bom reforçar, era na época a mesma barriga de sempre -, nem passava pela minha cabeça uma observação como a que se seguiu. "Estou vendo dois corações batendo aqui..." Na hora, fiquei meio brava com o médico. Quase soltei algo na linha "Não se brinca com isso, doutor!" Parei, no entanto, ao enxergar a expressão do pai. Não sei descrever exatamente como estava. Só sei que nunca mais vou me deparar com o rosto dele daquele jeito. Tinha de tudo lá: alegria, susto, orgulho, medo, dúvida. Ele também via os dois corações.

No dia seguinte ao da descoberta no consultório, amanhecemos já nós quatro (!) em um laboratório, fazendo exames mais detalhados. Assim soubemos que eram dois meninos, que eram idênticos, ou seja, dividiam a mesma placenta, e que, por isso, a gravidez exigia cuidados. Parei de fazer exercícios (tá... isso eu já não fazia mesmo). Comecei a fazer testes. Enquanto em uma gravidez normal a futura mãe se submete a mais ou menos um exame por mês, eu fui a um por semana. Em outubro, meu médico detectou um princípio de desequilíbrio entre o crescimento deles. Era exatamente o que monitorávamos desde o começo. Contou ainda que isso representava um risco para os dois. Lembro da minha pergunta na hora, bastante assustada: "E como temos de proceder? Que remédios existem para isso?" E ele: "Nada. Não há remédio para isso. Só podemos torcer para eles se entenderem aí dentro". A palavra "torcida", na boca de um médico, não é exatamente algo que se consegue ouvir sem entrar em pânico.


Não tive uma gravidez tranquila, nem feliz. A imagem clássica da maternidade também não está no álbum de fotos dos meus filhos. Mas,
um dia de janeiro, enquanto caminhávamos para a UTI, ouvi do pai uma coisa que me confortou muito naquela hora e ganha cada vez mais sentido: "Se eles tivessem chegado sem todos os meses angustiantes, sem esse tempo no hospital, talvez a gente não suportasse tanta alegria de uma vez". Acho que por isso eles chegaram aos poucos. Aos poucos, soubemos que sobreviveriam. Aos poucos, pudemos tocar suas mãos. Aos poucos pudemos colocá-los no colo. E aos poucos fomos ficando mais fortes. Sim... ainda falta um tantão. Ainda bem.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Novos baianos



Ele só quer saber da próxima micareta...



... e ele só quer saber de dormir.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Três fotos



Tom (esq) e Vi (dir)
ps: Não fomos para o Chile. Ainda bem. Eles continuam meio doentes. Completamos uma semana sem dormir...