quinta-feira, 25 de março de 2010

Três momentos

1. A maior diversão deles agora é passar a noite me entregando brinquedos. Andam no cercadinho de um lado pro outro - ainda se escorando nas beiradas e caindo algumas vezes quando se soltam -, agacham-se, pegam os chocalhos, bolas e blocos, e jogam pra mim. Então é minha vez de abaixar, recolher tudo e devolver. O mais engraçado disso é que temos um cachorro, o Tofu. E com ele faço exatamente a mesma coisa: ele me entrega uma galinha de plástico que adora, eu arremesso longe, ele traz de novo. Ontem, me dei conta disso porque quase não consegui jantar. Passei a noite com os três me dando bichos e esperando-os de volta. Hoje, estou com uma baita dor na coluna.

2. Este momento eu podia bem ter só copiado o link do blog da Ana Holanda, também mãe de gêmeos. No último post, ela descreveu exatamente como têm sido as trocas de fraldas em casa. Pois é... Sabe-se lá quantas nós duas já não trocamos desde que os quatro nasceram, né? Pois esta hora voltou a ser uma dificuldade pra gente. Como provavelmente deve ser com toda mãe de bebê de um ano. De repente, eles não aceitam mais ficar quietos no trocador. Enfiam as mãos na pomada, pegam o potinho cheio de água e se molham inteirinhos, batem as pernas, saem andando pelados. Haja brinquedinho para tentar distraí-los. Haja música para tentar acalmá-los. Haja conversa. Haja paciência. Enfim, trocar uma fralda, às vezes, é hoje pra mim tão difícil quanto a tarefa parecia lá atrás, no primeiro dia em que fiz isso no hospital. Outro dia, um deles sacudiu uma fralda suja e eu tive de sair catando cocô pelo quarto.

3. Daqui a pouco, eles completam um ano e três meses. Ainda não andam. Não sou dessas mães que ficam na pilha para que os filhos se desenvolvam logo, sabe? Pelo contrário. Acho que cada criança tem o seu tempo e gosto de respeitar isso. Aliás, me esforço bastante para curtir cada fase. Tenho certeza de que, quando eles estiverem andando, certamente morrerei de saudade da época em que só engatinhavam. Então, lembro disso sempre e aproveito cada instante. Mas, muitas vezes, estabelecer algumas comparações é meio inevitável. Porque no elevador do trabalho você encontra uma mãe com uma filha de 11 meses que já anda, por exemplo. Ou porque tem uma amiga que tem uma amiga com um filho que andava na festa de um ano. Enfim... Hoje, ouvi do pediatra: "Cada história é uma história. Eles já passaram por tanta coisa e estão tão bem! Ouça mais seu coração." O papo, assim escrito, pode soar meio troço de auto-ajuda. Mas me fez um bem danado.

domingo, 21 de março de 2010

De cabeça

Zip zip zip zá... todo mundo vai pular
O Vitor pula... o Tom assiste
Macaquinhos rodam
Chuveiro, chuveiro, não faz assim comigo

segunda-feira, 15 de março de 2010

Um peixe e um dragão

Tom com a dinda Ci e Vi com a mamãe: experimentando
as toucas para a aula de natação

sexta-feira, 12 de março de 2010

segunda-feira, 8 de março de 2010

Chuveiro

Vi
Tom

Pega-pega, coelhinho e pasta de dente

O Vitor faz umas caretas muito fofas. Não pára quieto um segundo. Por enquanto, age como o "irmão mais velho" - e a expressão tem de ser usada assim, entre aspas, com todo o cuidado, porque comparações são proibidas entre eles. Engatinhou mais cedo. Agora, é o primeiro a ficar em pé sozinho. Também aceita treinar uns passinhos. Na natação, mergulha com vontade. No berço, se ameaço pegá-lo de um lado, ele sai correndo pro outro, com uma carinha safada. Inventou uma espécie de pega-pega. E fez da brincadeira um ritual. Aí de mim se o agarrar sem antes zanzar de um lado pro outro ao menos umas... três, quatro vezes. Adora deitar de barriga pra cima e ganhar cócegas. Solta uma gargalhada incrível. Dessas que, toda vez que eu ouço, penso em gravar e fico com um pouquinho de vontade de chorar. Um choro de saudade, de medo de essa risada se perder com os anos. Se ele não quer mais comer, não tem quem o convença do contrário. Balança a cabeça fazendo "não" e vira o corpo pra trás. Às vezes, até abre a boca, mas aí cospe a comida assim que a colher sai de lá. E faz uma careta. Uma careta muito fofa. Uma careta de quem sabe que está aprontando.

O Tomás faz umas poses de adulto. Quando está cansado, por exemplo, coloca as duas mãos na testa como se fosse gente grande resmunguenta. Ele observa muito a gente. E imita. Mas, de resto, ele é bem bebezão. Faz manha. Faz dengo. Faz bico. Toda vez que o CD do Palavra Cantada chega na música "Aniversário", ele olha pra mim e pede colo. Passa a faixa inteira agarradinho, exatamente como na primeira vez que ouvimos a canção. Nos dias seguintes em que isso se repetiu, achei que era só coincidência. Agora sei que é nosso código. Algo que ele escolheu para fazer só comigo. Quando estou com saudade, ligo o som e fico esperando. Até o refrão, ele já engatinhou na minha direção. De uns tempos pra cá ele pegou a mania de fungar feito um coelhinho. Achei o timing perfeito com a Páscoa aí tão pertinho! Tem hora que ele imita coelhinho só para eu olhar para ele e largar o irmão. Gosta de ser o primeiro a sair do berço de manhã. Quando troco a fralda do Vitor na frente, ele faz um escândalo. O Tomás é ciumento. E comilão. Por ele, comia até o resto recusado pelo Vitor. Ele demora mais para aprender as coisas, mas quando aprende, não esquece.

Eles sempre escovam os dentes separados. Vou ao banheiro com um. Depois com o outro. E ambos fazem comigo a mesma brincadeira. Na hora de enxugar o rosto na toalha, viram a cara pro lado e acabam enfregando as bochechas molhadas na minha camiseta. Daí eu finjo que dou uma bronca e eles caem na gargalhada. Não sei ao certo quando isso começou. Nem com quem. O que tenho certeza é de que nunca um deles viu o outro fazendo isso comigo. E que hoje os dois repetem a mesma coisa. Toda noite. De um jeito que ao mesmo tempo me assusta e me emociona.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Um sonho pra trás, um sonho pra frente

Há meses venho pensando nisso, mas agora que eles cresceram, a angústia ficou mais evidente. Principalmente quando vêm engatinhando na minha direção ao mesmo tempo. Quando adoecem e precisam de cuidados ao mesmo tempo. Quando choram e querem colo ao mesmo tempo. Quando pedem a mesma brincadeira ao mesmo tempo. A vinda de gêmeos me tirou o sonho de ter um filho de cada vez. Fiquei sem a possibilidade de planejar uma segunda gravidez, depois que o primeiro bebê já tivesse recebido a atenção necessária nesse começo de vida. Leio muito que durante os dois primeiros anos de uma criança ela se sente o centro do universo. Bom, para o Vitor e para o Tomás, por mais que em casa haja um esforço absoluto para que nada lhes falte, esse universo sempre foi dividido. Desde a barriga.

Mas eu imagino que para eles isso nem seja tanto drama. Eles nunca vão saber como seria ter um universo inteiro, digamos assim. Tomarão consciência das coisas olhando pro lado e enxergando o irmão. Pra mim, no entanto, é mais difícil. Em muitos momentos, sinto que sou uma mãe pela metade. Não estou inteira para o Vitor. Não estou inteira para o Tomás. E passo os dias lutando contra essa situação. Como se pudesse mudá-la. Sei lá, como se pudesse virar um tipo de mulher maravilha. Abandonar o sonho de ter um filho de cada vez não tem sido fácil. Bate um medo danado de errar feio, de falhar com um deles. Por outro lado, de noite, de dia, só consigo agradecer pela alegria e pela sorte de ser mãe dos dois. E mãe dos dois assim, de uma vez só.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Sapos na piscina

Os meninos estão fazendo natação. Quer dizer, nós quatro - pai e mãe inclusive - estamos fazendo natação. Porque com um ano de idade, a criança só entra na piscina acompanhada de um responsável. Começamos na segunda-feira, como determina o senso comum de quem começa academia. Para estarmos os quatro de maiô, sunga, touca e roupão, na beira da piscina, às 9h30 da manhã, precisamos acordar às 7h30. Quem me conhece sabe portanto que a mudança maior pegou mesmo pro meu lado. Quem diria que euzinha aqui acordaria algum dia na vida assim cedo pra encarar uma piscina? E na segunda chovia, lembra? Aquela garoa fina ótima pra se continuar na cama.

Mas a aula é divertida, então meu mérito não é tão grande assim, tenho de admitir. Estamos ainda aprendendo as musiquinhas e os exercícios. Ontem, porém, os meninos já mergulhavam e batiam as pernas. Aliás, ontem, o Tomás ameaçou dormir dentro da água mesmo, no finzinho da classe, depois de tanto esforço que fez. O Vi tem sido mais durão. Por ele, emendava com outra turma na sequência. E bebia mais água clorada. Voltam pra casa, no carro, dormindo. E eu venho pro trabalho. Feliz, de alma leve. Agora... depois do almoço... aquela uma horinha de sono a menos faz uma falta danada. Dizem que vou me acostumar. Nunca me acostumei. Por eles, no entanto, pode ser mesmo que isso aconteça. Por eles, até canto na piscina: "O sapo não lava o pé, não lava por que não quer..."