segunda-feira, 8 de março de 2010

Pega-pega, coelhinho e pasta de dente

O Vitor faz umas caretas muito fofas. Não pára quieto um segundo. Por enquanto, age como o "irmão mais velho" - e a expressão tem de ser usada assim, entre aspas, com todo o cuidado, porque comparações são proibidas entre eles. Engatinhou mais cedo. Agora, é o primeiro a ficar em pé sozinho. Também aceita treinar uns passinhos. Na natação, mergulha com vontade. No berço, se ameaço pegá-lo de um lado, ele sai correndo pro outro, com uma carinha safada. Inventou uma espécie de pega-pega. E fez da brincadeira um ritual. Aí de mim se o agarrar sem antes zanzar de um lado pro outro ao menos umas... três, quatro vezes. Adora deitar de barriga pra cima e ganhar cócegas. Solta uma gargalhada incrível. Dessas que, toda vez que eu ouço, penso em gravar e fico com um pouquinho de vontade de chorar. Um choro de saudade, de medo de essa risada se perder com os anos. Se ele não quer mais comer, não tem quem o convença do contrário. Balança a cabeça fazendo "não" e vira o corpo pra trás. Às vezes, até abre a boca, mas aí cospe a comida assim que a colher sai de lá. E faz uma careta. Uma careta muito fofa. Uma careta de quem sabe que está aprontando.

O Tomás faz umas poses de adulto. Quando está cansado, por exemplo, coloca as duas mãos na testa como se fosse gente grande resmunguenta. Ele observa muito a gente. E imita. Mas, de resto, ele é bem bebezão. Faz manha. Faz dengo. Faz bico. Toda vez que o CD do Palavra Cantada chega na música "Aniversário", ele olha pra mim e pede colo. Passa a faixa inteira agarradinho, exatamente como na primeira vez que ouvimos a canção. Nos dias seguintes em que isso se repetiu, achei que era só coincidência. Agora sei que é nosso código. Algo que ele escolheu para fazer só comigo. Quando estou com saudade, ligo o som e fico esperando. Até o refrão, ele já engatinhou na minha direção. De uns tempos pra cá ele pegou a mania de fungar feito um coelhinho. Achei o timing perfeito com a Páscoa aí tão pertinho! Tem hora que ele imita coelhinho só para eu olhar para ele e largar o irmão. Gosta de ser o primeiro a sair do berço de manhã. Quando troco a fralda do Vitor na frente, ele faz um escândalo. O Tomás é ciumento. E comilão. Por ele, comia até o resto recusado pelo Vitor. Ele demora mais para aprender as coisas, mas quando aprende, não esquece.

Eles sempre escovam os dentes separados. Vou ao banheiro com um. Depois com o outro. E ambos fazem comigo a mesma brincadeira. Na hora de enxugar o rosto na toalha, viram a cara pro lado e acabam enfregando as bochechas molhadas na minha camiseta. Daí eu finjo que dou uma bronca e eles caem na gargalhada. Não sei ao certo quando isso começou. Nem com quem. O que tenho certeza é de que nunca um deles viu o outro fazendo isso comigo. E que hoje os dois repetem a mesma coisa. Toda noite. De um jeito que ao mesmo tempo me assusta e me emociona.

4 comentários:

Anônimo disse...

Amei o texto...
E cada vez me da mais saudades...
Vai treinando os dois pois na minha chegada quero que eles venham andando me abracar...

Unknown disse...

Que delícia, Gi! Amei a descrição. Dá para imaginar perfeitamente os dois dando as gargalhadas! Confesso que fico com o sorriso no rosto lendo suas postagens...rs
beijos

Ci disse...

Nossa...é muito verdade...vi parte disso no sábado! rs.
O Tomtom aprendeu o "cabeça" de vez né? Morro de rir qd lembro deu falando para você "Gi, você vai lavar a cabeça" e qd a gente vê, ele ta com as mãozinhas na cabeça! hahaha...Ja to com saudades!!! bjos

Anônimo disse...

Cada um especial da sua maneira... Tia-Dinda, Sa.