quinta-feira, 30 de abril de 2009

O computador e a academia

Engraçado eu começar este blog justo em um dia tranqüilo. A idéia aqui é exatamente o contrário: registrar a maratona - deliciosa e pra lá de cansativa - que virou a minha vida depois da chegada do Vitor e do Tomás. Ah... Eu sei. Escrever "deliciosa e cansativa" está longe de ser uma novidade quando se fala sobre maternidade, né? Mas foi assim, o que eu posso fazer? De repente, os clichês mais batidos ganharam sentido. Mas nem sempre. Por isso resolvi ressuscitar este espaço.

Passados três meses, acho que posso enfim dizer que eu e os meninos nos conhecemos bem. Na maioria das vezes, já consigo saber o que querem quando choram, por exemplo. E aqueles dias em que, no meio da tarde, a campainha tocava e então eu me dava conta de que não tinha nem escovado os dentes, vão aos poucos ficando no pacote de histórias para contar e provocar risadas. Sim, porque quando aconteceu de verdade, eu confesso que não ri muito não.


Bom, prometo que em breve eu coloco aqui uma retrospectiva com os nossos primeiros 90 dias juntos. Foi um tempo em que a vontade de dividir o que eu experimentava era grande, mas não maior do que o meu sono, o meu cansaço e uma certa paralisia no cérebro. Juro. Meus neurônios funcionaram tão mal nessa época que tive medo. Deve haver alguma justicativa médica, algo do tipo: o lugar da inteligência é ocupado pelo instinto materno, sei lá. Cheguei ao cúmulo de virar pro meu marido de manhã, enquanto corria os olhos pelo jornal, e mandar: "O nome certo do país não é Araque? A Folha errou!" Poupei a humanidade permanecendo quietinha.

Com os poucos neurônios em atividade novamente, hoje arrisco o blog. Digito com o corpo meio de lado, uma técnica que desenvolvi logo que eles vieram para casa. É assim: pelo menos uma perna minha precisa ficar sempre para fora da mesa, empurrando o carrinho duplo. Funciona muito bem. O movimento contínuo acalma os fofos. E eu, apesar do incômodo da posição, consigo mandar uns e-mails, ler uns sites e sonhar que, com esse esforço, vou ao menos conquistar uma perna mais gostosona. É... uma só. E bem gostosona mesmo porque cada um deles está pesando cinco quilos e o carrinho é um trambolho que não cabe no porta-malas. Mas isso é assunto para outro dia.