sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Supernanny

Há mais ou menos um mês as noites em casa viraram um problemão. Os meninos decidiram que não queriam mais dormir. E todo dia, lá pelas quatro da manhã - às vezes três - eles acordavam aos berros - às vezes um até queria dormir, mas aí o outro não deixava -, atiravam travesseiros, bichinhos de pelúcia, colchas e lençóis no chão e eu corria para tentar controlar a situação. Não conseguia, claro. Às sete da manhã, estava encostada no sofá da sala, com os dois no carrinho, batendo palmas e dançando diante de uma tevê ligada no (salve!) Discovery Kids. Chegar ao trabalho com uma baita cara de acabada na primeira madrugada que enfrentei assim até que teve lá seu charme, vai. Contei a nova versão de balada a algumas pessoas. Até cantei pra elas umas musiquinhas que aprendi assistindo aos desenhos animados. Na terceira seguida, a graça toda foi embora. Quando começava a anoitecer, já batia um certo desespero mesmo. E uma raivinha porque eles dormiam à tarde, enquanto eu trabalhava. Cheguei a pensar em proibir a babá de deixá-los descansar durante o dia.

Até que ela veio com aquelas frases feitas, tão batidas quanto verdadeiras: "eles estão fazendo isso porque sabem que você vai cair na deles. Deixa eles chorarem." Já tinha ouvido o tal conselho em programas de tevê e acho que sempre considerei a atitude bem coerente. Digo "acho" porque, antes de virar mãe, não ficava racionalizando sobre educação de criança. O que posso afirmar é que julgava os pais que mimavam demais os filhos uns bananões - os que não conseguiam deixar o filho chorando por dez minutos no berço, por exemplo. Pois reavalio hoje essa história, viu! Pra mim, foi um martírio aguentar firme no meu quarto, ouvindo o choro dos meninos através da babá eletrônica. Na primeira noite, quinze minutos contados no relógio. Na primeira noite depois de muitas em que eu me segurei por um tempo mas acabei indo lá e estragando todo o plano.

PS 1: O plano funciona. E estou bem orgulhosa de ter conseguido. Sou só meia banana.

PS 2: O Tomtom enfrenta agora problemas por causa do fim do horário de verão. Todo dia, acorda uma hora antes. Mas, está tão afinado com o plano, que se senta no berço e fica brincando sozinho, quietinho, até eu entrar no quarto.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Mais três fotos

Da esq. para a dir.: Tofu, Tomás e Vitor
Vi (esq) e Tom (dir)
Tomás (esq) e Vitor (dir)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Dias verdes

Aos onze meses, na casa da vovó: Vi (esq) e Tom (dir)
Aos dez meses, na frente do pavão: Tom (esq) e Vi (dir)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

As amigas deles

Fomos outro dia à festa de um ano da Mari. A Mari dormia no berço do lado do Tomás na UTI. É gêmea do Marcos que, fortão, recebeu alta logo que nasceu. Nós ficamos amigos dos pais da Mari e do Marcos logo de cara, no hospital. Lembro que antes de conversar pela primeira vez com a Silvia, a mãe deles, eu me emocionei com o carinho e o cuidado dela. No berço da filha, havia várias Hello Kitty em miniatura. Diante da minha curiosidade, a enfermeira contou que a Mari ganhava uma bonequinha a cada dificuldade superada. Achei aquele gesto de uma doçura sem tamanho. Sei lá, me fazia bem demais entrar na sala deles e encontrar as Hello Kitty enfeitando o cantinho da Mari. Afinal, criança e brinquedo combinam muito. E, naquele ambiente, a gente um pouco se esquece disso. Eu esquecia.

No aniversário, estavam também a Luana, a Mariana e a Giovana, trigêmeas que nasceram na mesma época e também vizinhas de UTI do São Luiz. Os pais delas têm uma força bem impressionante. Gostava de encontrá-los no corredor. Contava como estavam os meninos e lembro que sempre ouvia de volta um comentário otimista. E não era só uma coisa na linha "vai dar tudo certo", não. Era algo bem fundamentado. Porque, com as três meninas, eles sempre tinham já passado ou estavam passando por algo semelhante com uma delas. O Tomás operou o coração na mesma semana que duas delas, por exemplo.

Na festa, os outros convidados se divertiram: "Não tem ninguém com um filho só por aqui?" E eu respirei um pouco aliviada. Porque, junto com a Silvia e com a Márcia, me encontrei. Nós três passamos a tarde um tanto descabeladas, um tanto tontas, às vezes zelosas em excesso, muitas vezes nos perguntando qual dos filhos já tinha tomado a mamadeira. Rezei e torci muito pela Mari, pela Luana, pela Mariana e pela Giovana. Agora, ver todas com um ano, engatinhando, algumas quase andando (dá-lhe Mari!), é de arrepiar.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Pomada de arnica

Não dá mais para deixá-los no carrinho sozinhos nem por um instante. A gente vira para mudar o canal da tevê e, quando consegue achar o controle remoto, um deles já está com os dentes cravados no braço - ou na perna, ou na bochecha, ou na mão - do outro. As mordidas são tão fortes que deixam aquelas marcas roxas que exigem explicações, sabe? Volta e meia, estou contando para alguém com cara de espanto que não, não tenho batido neles. Eles é que têm se "experimentado", digamos assim. E o fim da história todo mundo conhece, né? Muita choradeira. Um por causa da dor. O outro por causa da bronca.

Cheguei a propor ao pai um método: morderíamos de volta, para que eles sentissem a dor que causavam no irmão. Mas o pai, prudentemente, descobriu na internet que isso poderia deixá-los violentos (por quê? brincadeirinha!!!). O pai descobriu também que as mordidas podem até ser demonstrações de carinho - diagnóstico que resolvemos adotar como o certo, claro! Mas o mais provável mesmo é que eles se mordam porque tenham ciúmes um do outro. As mordidas são para garantir o espaço, o brinquedo, a atenção. Algo bem típico de gêmeos, disputando as coisas e as pessoas, disputando as descobertas. Então, agora, ando bem alerta para isso. O que de certa forma é fácil para uma ciumenta declarada. Depois de uma mordida, penso, um pouco envergonhada, um pouco feliz: "eles puxaram isso da mãe"...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Para minhas amigas

Ufa. Com alfajores, sobrevivi à Buenos Aires. Talvez a própria viagem seja a grande culpada do texto de hoje. De longe, pode-se sentir melhor algumas coisas. Embora eu venha sentindo o que vou escrever aqui há um bom tempo. Antes mesmo de os meninos nascerem. A maternidade mudou também a minha relação com as pessoas. Pra ficar no clichê: deixei de ser só filha e venho aprendendo a ser filha e mãe ao mesmo tempo. Outro clichê: venho tentando ainda equilibrar o papel de mulher e mãe. Mais alguns? Some aí o de jornalista. E o de dona de casa.

A duras penas, bem devagarinho mesmo, isso tudo vem se ajeitando dentro de mim. E olha que lá se vai um ano, hein? Mas nessa balança muitas amizades continuam fora de encaixe. Não sei bem explicar o que acontece. Posso tentar. Num dia x - que não foi exatamente o dia em que descobri a gravidez nem o que ouvi os corações dos bebês - a vida pareceu rasgar em uma espécie de antes e depois muito definitivo. As conversas sobre a matéria legal que o fulano escreveu ou sobre o restaurante novo que abriu, ou sobre alguém que pegou alguém em uma festa, sei lá, as conversas de sempre, continuaram a soar divertidas e interessantes. Mas duas (!) crianças estavam crescendo dentro da minha barriga e, no momento em que escutava uma fofoca, por exemplo, por melhor que ela fosse, uma dessas criancinhas resolvia me chutar. E pronto. O tal chute me transportava para outra dimensão. E aquele antes e depois surgia profundo, assustador.

Tem sido um pouco assim ainda. Volta e meia, no trabalho, no meio de uma conversa, a qualquer hora - do dia, da noite... - as carinhas deles aparecem na minha frente e meio que esfumaçam tudo em volta. É claro que isso é uma delícia. Mas isso implica um pouco de isolamento também. Porque este sentimento tão intenso é só meu. E sinto muita saudade das minhas amigas. As mais próximas não têm filhos ainda (uma delas está grávida!), o que acredito que tenha tornado esse "desencontro" ainda mais natural.

Por isso, por exemplo, voltar a trabalhar foi bem importante pra mim. É algo que me obriga a, todo dia, fazer um exercício para transformar a rachadura do antes e do depois em uma fenda mais leve. Quero que ela exista. Tenho orgulho dela, inclusive. Mas acho saudável que as minhas conquistas consigam conviver de alguma forma. Pessoas como eu precisam se policiar o tempo todo para não se perderem, sabe? E a maternidade talvez seja o mais delicioso convite para a piração. Bom... tudo isso para desabafar que, às vezes, no meio de tanta coisa incrível, bate uma certa solidão e um medo. E que talvez o nome disso seja saudade. Saudade de uma tarde de brigadeiro de colher com as amigas.