quinta-feira, 22 de abril de 2010

O último post

Quando escrevi o primeiro post aqui, meu medo era não ter assunto para um segundo, e depois para um terceiro. E assim passou um ano. Hoje, encerro o blog. Este último post eu venho escrevendo e reescrevendo na minha cabeça há um bom tempo. Estou um pouco triste em acabar com este espaço aqui. Mas isso estava programado desde o início. E é uma questão de princípio. Até agora, contar sobre o Tomás e o Vitor, de certa forma, era falar muito de mim, da forma como eu entendia os dois, do jeito como nós começávamos a nos entender. Por mais que as histórias fossem centradas neles, tratavam muito da minha vida nova como mãe. Agora, sou mãe completa. Agora, eles já dão os primeiros passinhos, gritam as primeiras palavras, enfim, têm cada vez mais consciência do mundo. E mais personalidade. Portanto, a partir de agora, acho que um blog sobre eles, sem a autorização deles, é em certo sentido uma invasão de sua intimidade.

Há algumas semanas, antes de postar um texto, me pego fazendo as seguintes perguntas: será que eles gostariam que todo mundo soubesse tal coisa? Será que eles vão gostar de ler isso quando souberem ler? Sim, porque a idéia é dar este blog de presente pra eles no futuro. Por isso, acho que este é o momento certo de parar. Se um dia eles quiserem, eles mesmos poderão escrever suas histórias.

Vou sentir bastante saudade de vocês. A mãe que sou hoje - com todas as falhas e todos os acertos - deve muito à ajuda, torcida e carinho de vocês. O blog, em vários momentos, funcionou como uma terapia: exorcizei os medos, comemorei as alegrias, desabafei, desabafei, desabafei. Obrigada pela paciência. De novo, porque aqui tudo é em dobro: vou sentir bastante saudade de vocês. Na verdade, já estou com saudade.

Três beijos. Um meu. Um do Vi. Um do Tom.
E até qualquer dia desses.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Páscoa em Atibaia

Vi (esq) e Tom (dir)
Vi (esq.) e Tom (dir.)
Tom
Vi

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Carta da Espanha

Vi e Tom,
Vocês hoje completam um ano e três meses. Depois do aniversário de um ano, ninguém comemora mais os meses, sabe? Mas eu tenho uma vontade enorme de cantar parabéns. Nem que seja para ver vocês batendo palmas e rindo. Mas, pensando bem, a gente canta parabéns todos os dias, né? Enfim, estou sentimental. Tenho uma queda para o drama. Seu pai bem conhece e vive sussurrando no ouvido de vocês que logo, logo, vocês também vão sacar isso. Tem hora que nem eu me aguento. Talvez esta seja uma dessas horas... Mas estou em Madri, na Espanha, longe pra caramba de casa. E pra mim, viajar, mesmo que para um lugar tão incrível como este, exige um esforço absurdo desde que vocês nasceram. Racionalmente, fico pensando no quanto talvez vocês se orgulhem de conhecer no futuro o meu trabalho. Racionalmente, também sei que o trabalho me completa. Mas, aqui, de noite, só consigo chorar de saudade. E sentir o coração apertado. Então, esta carta é para pedir desculpas por eu não estar aí hoje com vocês. E para dizer que ando pelos museus imaginando se vocês terão paciência de me ouvir falar de arte. E para contar para que olho sempre o relógio e conto menos cinco para saber que horas são aí em São Paulo e tentar adivinhar o que estão fazendo. E para prometer que, amanhã, a gente canta parabéns um montão de vezes. Tomara que vocês saibam quem eu sou quando me virem no aeroporto. Ai... chega de drama, né? Amo vocês. Amo! Amo!
Mamãe.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Três momentos

1. A maior diversão deles agora é passar a noite me entregando brinquedos. Andam no cercadinho de um lado pro outro - ainda se escorando nas beiradas e caindo algumas vezes quando se soltam -, agacham-se, pegam os chocalhos, bolas e blocos, e jogam pra mim. Então é minha vez de abaixar, recolher tudo e devolver. O mais engraçado disso é que temos um cachorro, o Tofu. E com ele faço exatamente a mesma coisa: ele me entrega uma galinha de plástico que adora, eu arremesso longe, ele traz de novo. Ontem, me dei conta disso porque quase não consegui jantar. Passei a noite com os três me dando bichos e esperando-os de volta. Hoje, estou com uma baita dor na coluna.

2. Este momento eu podia bem ter só copiado o link do blog da Ana Holanda, também mãe de gêmeos. No último post, ela descreveu exatamente como têm sido as trocas de fraldas em casa. Pois é... Sabe-se lá quantas nós duas já não trocamos desde que os quatro nasceram, né? Pois esta hora voltou a ser uma dificuldade pra gente. Como provavelmente deve ser com toda mãe de bebê de um ano. De repente, eles não aceitam mais ficar quietos no trocador. Enfiam as mãos na pomada, pegam o potinho cheio de água e se molham inteirinhos, batem as pernas, saem andando pelados. Haja brinquedinho para tentar distraí-los. Haja música para tentar acalmá-los. Haja conversa. Haja paciência. Enfim, trocar uma fralda, às vezes, é hoje pra mim tão difícil quanto a tarefa parecia lá atrás, no primeiro dia em que fiz isso no hospital. Outro dia, um deles sacudiu uma fralda suja e eu tive de sair catando cocô pelo quarto.

3. Daqui a pouco, eles completam um ano e três meses. Ainda não andam. Não sou dessas mães que ficam na pilha para que os filhos se desenvolvam logo, sabe? Pelo contrário. Acho que cada criança tem o seu tempo e gosto de respeitar isso. Aliás, me esforço bastante para curtir cada fase. Tenho certeza de que, quando eles estiverem andando, certamente morrerei de saudade da época em que só engatinhavam. Então, lembro disso sempre e aproveito cada instante. Mas, muitas vezes, estabelecer algumas comparações é meio inevitável. Porque no elevador do trabalho você encontra uma mãe com uma filha de 11 meses que já anda, por exemplo. Ou porque tem uma amiga que tem uma amiga com um filho que andava na festa de um ano. Enfim... Hoje, ouvi do pediatra: "Cada história é uma história. Eles já passaram por tanta coisa e estão tão bem! Ouça mais seu coração." O papo, assim escrito, pode soar meio troço de auto-ajuda. Mas me fez um bem danado.

domingo, 21 de março de 2010

De cabeça

Zip zip zip zá... todo mundo vai pular
O Vitor pula... o Tom assiste
Macaquinhos rodam
Chuveiro, chuveiro, não faz assim comigo

segunda-feira, 15 de março de 2010

Um peixe e um dragão

Tom com a dinda Ci e Vi com a mamãe: experimentando
as toucas para a aula de natação

sexta-feira, 12 de março de 2010

segunda-feira, 8 de março de 2010

Chuveiro

Vi
Tom

Pega-pega, coelhinho e pasta de dente

O Vitor faz umas caretas muito fofas. Não pára quieto um segundo. Por enquanto, age como o "irmão mais velho" - e a expressão tem de ser usada assim, entre aspas, com todo o cuidado, porque comparações são proibidas entre eles. Engatinhou mais cedo. Agora, é o primeiro a ficar em pé sozinho. Também aceita treinar uns passinhos. Na natação, mergulha com vontade. No berço, se ameaço pegá-lo de um lado, ele sai correndo pro outro, com uma carinha safada. Inventou uma espécie de pega-pega. E fez da brincadeira um ritual. Aí de mim se o agarrar sem antes zanzar de um lado pro outro ao menos umas... três, quatro vezes. Adora deitar de barriga pra cima e ganhar cócegas. Solta uma gargalhada incrível. Dessas que, toda vez que eu ouço, penso em gravar e fico com um pouquinho de vontade de chorar. Um choro de saudade, de medo de essa risada se perder com os anos. Se ele não quer mais comer, não tem quem o convença do contrário. Balança a cabeça fazendo "não" e vira o corpo pra trás. Às vezes, até abre a boca, mas aí cospe a comida assim que a colher sai de lá. E faz uma careta. Uma careta muito fofa. Uma careta de quem sabe que está aprontando.

O Tomás faz umas poses de adulto. Quando está cansado, por exemplo, coloca as duas mãos na testa como se fosse gente grande resmunguenta. Ele observa muito a gente. E imita. Mas, de resto, ele é bem bebezão. Faz manha. Faz dengo. Faz bico. Toda vez que o CD do Palavra Cantada chega na música "Aniversário", ele olha pra mim e pede colo. Passa a faixa inteira agarradinho, exatamente como na primeira vez que ouvimos a canção. Nos dias seguintes em que isso se repetiu, achei que era só coincidência. Agora sei que é nosso código. Algo que ele escolheu para fazer só comigo. Quando estou com saudade, ligo o som e fico esperando. Até o refrão, ele já engatinhou na minha direção. De uns tempos pra cá ele pegou a mania de fungar feito um coelhinho. Achei o timing perfeito com a Páscoa aí tão pertinho! Tem hora que ele imita coelhinho só para eu olhar para ele e largar o irmão. Gosta de ser o primeiro a sair do berço de manhã. Quando troco a fralda do Vitor na frente, ele faz um escândalo. O Tomás é ciumento. E comilão. Por ele, comia até o resto recusado pelo Vitor. Ele demora mais para aprender as coisas, mas quando aprende, não esquece.

Eles sempre escovam os dentes separados. Vou ao banheiro com um. Depois com o outro. E ambos fazem comigo a mesma brincadeira. Na hora de enxugar o rosto na toalha, viram a cara pro lado e acabam enfregando as bochechas molhadas na minha camiseta. Daí eu finjo que dou uma bronca e eles caem na gargalhada. Não sei ao certo quando isso começou. Nem com quem. O que tenho certeza é de que nunca um deles viu o outro fazendo isso comigo. E que hoje os dois repetem a mesma coisa. Toda noite. De um jeito que ao mesmo tempo me assusta e me emociona.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Um sonho pra trás, um sonho pra frente

Há meses venho pensando nisso, mas agora que eles cresceram, a angústia ficou mais evidente. Principalmente quando vêm engatinhando na minha direção ao mesmo tempo. Quando adoecem e precisam de cuidados ao mesmo tempo. Quando choram e querem colo ao mesmo tempo. Quando pedem a mesma brincadeira ao mesmo tempo. A vinda de gêmeos me tirou o sonho de ter um filho de cada vez. Fiquei sem a possibilidade de planejar uma segunda gravidez, depois que o primeiro bebê já tivesse recebido a atenção necessária nesse começo de vida. Leio muito que durante os dois primeiros anos de uma criança ela se sente o centro do universo. Bom, para o Vitor e para o Tomás, por mais que em casa haja um esforço absoluto para que nada lhes falte, esse universo sempre foi dividido. Desde a barriga.

Mas eu imagino que para eles isso nem seja tanto drama. Eles nunca vão saber como seria ter um universo inteiro, digamos assim. Tomarão consciência das coisas olhando pro lado e enxergando o irmão. Pra mim, no entanto, é mais difícil. Em muitos momentos, sinto que sou uma mãe pela metade. Não estou inteira para o Vitor. Não estou inteira para o Tomás. E passo os dias lutando contra essa situação. Como se pudesse mudá-la. Sei lá, como se pudesse virar um tipo de mulher maravilha. Abandonar o sonho de ter um filho de cada vez não tem sido fácil. Bate um medo danado de errar feio, de falhar com um deles. Por outro lado, de noite, de dia, só consigo agradecer pela alegria e pela sorte de ser mãe dos dois. E mãe dos dois assim, de uma vez só.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Sapos na piscina

Os meninos estão fazendo natação. Quer dizer, nós quatro - pai e mãe inclusive - estamos fazendo natação. Porque com um ano de idade, a criança só entra na piscina acompanhada de um responsável. Começamos na segunda-feira, como determina o senso comum de quem começa academia. Para estarmos os quatro de maiô, sunga, touca e roupão, na beira da piscina, às 9h30 da manhã, precisamos acordar às 7h30. Quem me conhece sabe portanto que a mudança maior pegou mesmo pro meu lado. Quem diria que euzinha aqui acordaria algum dia na vida assim cedo pra encarar uma piscina? E na segunda chovia, lembra? Aquela garoa fina ótima pra se continuar na cama.

Mas a aula é divertida, então meu mérito não é tão grande assim, tenho de admitir. Estamos ainda aprendendo as musiquinhas e os exercícios. Ontem, porém, os meninos já mergulhavam e batiam as pernas. Aliás, ontem, o Tomás ameaçou dormir dentro da água mesmo, no finzinho da classe, depois de tanto esforço que fez. O Vi tem sido mais durão. Por ele, emendava com outra turma na sequência. E bebia mais água clorada. Voltam pra casa, no carro, dormindo. E eu venho pro trabalho. Feliz, de alma leve. Agora... depois do almoço... aquela uma horinha de sono a menos faz uma falta danada. Dizem que vou me acostumar. Nunca me acostumei. Por eles, no entanto, pode ser mesmo que isso aconteça. Por eles, até canto na piscina: "O sapo não lava o pé, não lava por que não quer..."

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Supernanny

Há mais ou menos um mês as noites em casa viraram um problemão. Os meninos decidiram que não queriam mais dormir. E todo dia, lá pelas quatro da manhã - às vezes três - eles acordavam aos berros - às vezes um até queria dormir, mas aí o outro não deixava -, atiravam travesseiros, bichinhos de pelúcia, colchas e lençóis no chão e eu corria para tentar controlar a situação. Não conseguia, claro. Às sete da manhã, estava encostada no sofá da sala, com os dois no carrinho, batendo palmas e dançando diante de uma tevê ligada no (salve!) Discovery Kids. Chegar ao trabalho com uma baita cara de acabada na primeira madrugada que enfrentei assim até que teve lá seu charme, vai. Contei a nova versão de balada a algumas pessoas. Até cantei pra elas umas musiquinhas que aprendi assistindo aos desenhos animados. Na terceira seguida, a graça toda foi embora. Quando começava a anoitecer, já batia um certo desespero mesmo. E uma raivinha porque eles dormiam à tarde, enquanto eu trabalhava. Cheguei a pensar em proibir a babá de deixá-los descansar durante o dia.

Até que ela veio com aquelas frases feitas, tão batidas quanto verdadeiras: "eles estão fazendo isso porque sabem que você vai cair na deles. Deixa eles chorarem." Já tinha ouvido o tal conselho em programas de tevê e acho que sempre considerei a atitude bem coerente. Digo "acho" porque, antes de virar mãe, não ficava racionalizando sobre educação de criança. O que posso afirmar é que julgava os pais que mimavam demais os filhos uns bananões - os que não conseguiam deixar o filho chorando por dez minutos no berço, por exemplo. Pois reavalio hoje essa história, viu! Pra mim, foi um martírio aguentar firme no meu quarto, ouvindo o choro dos meninos através da babá eletrônica. Na primeira noite, quinze minutos contados no relógio. Na primeira noite depois de muitas em que eu me segurei por um tempo mas acabei indo lá e estragando todo o plano.

PS 1: O plano funciona. E estou bem orgulhosa de ter conseguido. Sou só meia banana.

PS 2: O Tomtom enfrenta agora problemas por causa do fim do horário de verão. Todo dia, acorda uma hora antes. Mas, está tão afinado com o plano, que se senta no berço e fica brincando sozinho, quietinho, até eu entrar no quarto.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Mais três fotos

Da esq. para a dir.: Tofu, Tomás e Vitor
Vi (esq) e Tom (dir)
Tomás (esq) e Vitor (dir)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Dias verdes

Aos onze meses, na casa da vovó: Vi (esq) e Tom (dir)
Aos dez meses, na frente do pavão: Tom (esq) e Vi (dir)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

As amigas deles

Fomos outro dia à festa de um ano da Mari. A Mari dormia no berço do lado do Tomás na UTI. É gêmea do Marcos que, fortão, recebeu alta logo que nasceu. Nós ficamos amigos dos pais da Mari e do Marcos logo de cara, no hospital. Lembro que antes de conversar pela primeira vez com a Silvia, a mãe deles, eu me emocionei com o carinho e o cuidado dela. No berço da filha, havia várias Hello Kitty em miniatura. Diante da minha curiosidade, a enfermeira contou que a Mari ganhava uma bonequinha a cada dificuldade superada. Achei aquele gesto de uma doçura sem tamanho. Sei lá, me fazia bem demais entrar na sala deles e encontrar as Hello Kitty enfeitando o cantinho da Mari. Afinal, criança e brinquedo combinam muito. E, naquele ambiente, a gente um pouco se esquece disso. Eu esquecia.

No aniversário, estavam também a Luana, a Mariana e a Giovana, trigêmeas que nasceram na mesma época e também vizinhas de UTI do São Luiz. Os pais delas têm uma força bem impressionante. Gostava de encontrá-los no corredor. Contava como estavam os meninos e lembro que sempre ouvia de volta um comentário otimista. E não era só uma coisa na linha "vai dar tudo certo", não. Era algo bem fundamentado. Porque, com as três meninas, eles sempre tinham já passado ou estavam passando por algo semelhante com uma delas. O Tomás operou o coração na mesma semana que duas delas, por exemplo.

Na festa, os outros convidados se divertiram: "Não tem ninguém com um filho só por aqui?" E eu respirei um pouco aliviada. Porque, junto com a Silvia e com a Márcia, me encontrei. Nós três passamos a tarde um tanto descabeladas, um tanto tontas, às vezes zelosas em excesso, muitas vezes nos perguntando qual dos filhos já tinha tomado a mamadeira. Rezei e torci muito pela Mari, pela Luana, pela Mariana e pela Giovana. Agora, ver todas com um ano, engatinhando, algumas quase andando (dá-lhe Mari!), é de arrepiar.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Pomada de arnica

Não dá mais para deixá-los no carrinho sozinhos nem por um instante. A gente vira para mudar o canal da tevê e, quando consegue achar o controle remoto, um deles já está com os dentes cravados no braço - ou na perna, ou na bochecha, ou na mão - do outro. As mordidas são tão fortes que deixam aquelas marcas roxas que exigem explicações, sabe? Volta e meia, estou contando para alguém com cara de espanto que não, não tenho batido neles. Eles é que têm se "experimentado", digamos assim. E o fim da história todo mundo conhece, né? Muita choradeira. Um por causa da dor. O outro por causa da bronca.

Cheguei a propor ao pai um método: morderíamos de volta, para que eles sentissem a dor que causavam no irmão. Mas o pai, prudentemente, descobriu na internet que isso poderia deixá-los violentos (por quê? brincadeirinha!!!). O pai descobriu também que as mordidas podem até ser demonstrações de carinho - diagnóstico que resolvemos adotar como o certo, claro! Mas o mais provável mesmo é que eles se mordam porque tenham ciúmes um do outro. As mordidas são para garantir o espaço, o brinquedo, a atenção. Algo bem típico de gêmeos, disputando as coisas e as pessoas, disputando as descobertas. Então, agora, ando bem alerta para isso. O que de certa forma é fácil para uma ciumenta declarada. Depois de uma mordida, penso, um pouco envergonhada, um pouco feliz: "eles puxaram isso da mãe"...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Para minhas amigas

Ufa. Com alfajores, sobrevivi à Buenos Aires. Talvez a própria viagem seja a grande culpada do texto de hoje. De longe, pode-se sentir melhor algumas coisas. Embora eu venha sentindo o que vou escrever aqui há um bom tempo. Antes mesmo de os meninos nascerem. A maternidade mudou também a minha relação com as pessoas. Pra ficar no clichê: deixei de ser só filha e venho aprendendo a ser filha e mãe ao mesmo tempo. Outro clichê: venho tentando ainda equilibrar o papel de mulher e mãe. Mais alguns? Some aí o de jornalista. E o de dona de casa.

A duras penas, bem devagarinho mesmo, isso tudo vem se ajeitando dentro de mim. E olha que lá se vai um ano, hein? Mas nessa balança muitas amizades continuam fora de encaixe. Não sei bem explicar o que acontece. Posso tentar. Num dia x - que não foi exatamente o dia em que descobri a gravidez nem o que ouvi os corações dos bebês - a vida pareceu rasgar em uma espécie de antes e depois muito definitivo. As conversas sobre a matéria legal que o fulano escreveu ou sobre o restaurante novo que abriu, ou sobre alguém que pegou alguém em uma festa, sei lá, as conversas de sempre, continuaram a soar divertidas e interessantes. Mas duas (!) crianças estavam crescendo dentro da minha barriga e, no momento em que escutava uma fofoca, por exemplo, por melhor que ela fosse, uma dessas criancinhas resolvia me chutar. E pronto. O tal chute me transportava para outra dimensão. E aquele antes e depois surgia profundo, assustador.

Tem sido um pouco assim ainda. Volta e meia, no trabalho, no meio de uma conversa, a qualquer hora - do dia, da noite... - as carinhas deles aparecem na minha frente e meio que esfumaçam tudo em volta. É claro que isso é uma delícia. Mas isso implica um pouco de isolamento também. Porque este sentimento tão intenso é só meu. E sinto muita saudade das minhas amigas. As mais próximas não têm filhos ainda (uma delas está grávida!), o que acredito que tenha tornado esse "desencontro" ainda mais natural.

Por isso, por exemplo, voltar a trabalhar foi bem importante pra mim. É algo que me obriga a, todo dia, fazer um exercício para transformar a rachadura do antes e do depois em uma fenda mais leve. Quero que ela exista. Tenho orgulho dela, inclusive. Mas acho saudável que as minhas conquistas consigam conviver de alguma forma. Pessoas como eu precisam se policiar o tempo todo para não se perderem, sabe? E a maternidade talvez seja o mais delicioso convite para a piração. Bom... tudo isso para desabafar que, às vezes, no meio de tanta coisa incrível, bate uma certa solidão e um medo. E que talvez o nome disso seja saudade. Saudade de uma tarde de brigadeiro de colher com as amigas.

domingo, 31 de janeiro de 2010

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Saudade

Umas duas semanas atrás, meu chefe veio todo risonho: "Vou te mandar pra Buenos Aires! Você precisa conferir o Andy Warhol de perto..." Enfim, vou encurtar a história aqui porque o motivo da minha viagem não cabe neste blog. O fato foi que ele mal terminou de falar e eu já estava sentindo um frio na barriga absurdo. Acho até que fiz cara de choro - algo que, talvez seja bom eu deixar claro, eu tenho pavor de protagonizar em ambiente de trabalho, em especial na frente de chefe. Mas devo ter esboçado a careta porque, na seqüência, ele perguntou se aquilo seria um problema para mim. Sabe-se lá como me segurei para mandar um... "Imagina! Até que enfim uma pauta para eu esbanjar meu portunhol!", torcendo para o sorriso amarelo convencer.

Amanhã, a esta hora, estarei na Argentina. Fico por lá até sábado. Eu sei. Vai passar voando. Eu sei. Vai ficar tudo ótimo por aqui. Eu sei. Todo mundo se vira superbem sem mim. Eu sei. Preciso ter orgulho de dar conta das coisas e ainda do trabalho. Mas... ao mesmo tempo em que estou torcendo para tudo correr bem (óbvio!), estou com medo. Medo de eles não sentirem minha falta. Medo de eles não perceberem que eu não voltei pra casa à noite. Medo de eles não se lembrarem de mim no sábado. Sei lá. Bobagem? Pode ser. Deve ser. Certeza que é, vai.

Hoje à noite, vou aprender a mexer na câmera do meu netbook. Porque ser mãe, em algumas horas, é manjar de tecnologia! E agradecer à compreensão do pai!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Três fotos

Tom de vermelho e Vi de azul no aniversário de um ano
Tom à frente e Vi atrás nos carrinhos que ganharam da dinda Mabel
Tom de azul e Vi de amarelo numa das primeiras vezes em que conseguiram ficar em pé no berço

Ritmo: cada um com o seu

O Vitor aprendeu a engatinhar. A babá tinha me dito na manhã da sexta-feira que ele não parava mais quieto. Mas confesso que achei que era exagero dela. Achei que ele continuava fazendo o que eu já tinha visto, que consistia em deitar e se arrastar pelo chão - de um jeito entre o estranho e o engraçado -, com a bunda um tanto levantada. Até que, à noite, cheguei do trabalho, coloquei os dois pra brincar no chão - como sempre faço - e fui até o quarto por um segundo. Juro. Foi o tempo de tirar o tênis - no singular mesmo. Porque voltei correndo com um pé ainda calçado, assustada. O Vitor chorava muito, com a cara enfiada no puxador pontiagudo do móvel da televisão (só inventaram protetores para quinas, não para puxadores... uma falha da indústria dos bebês!). Bem longe de onde o havia deixado sentado. Sim, o Vitor está engatinhando. Ao me dar conta disso, comecei a chorar. E assim fiz o Tomás chorar também. No começo da noite de sexta, em casa, éramos três lidando com lágrimas: eu, de emoção; o Vi, de dor; o Tom, de susto. Superamos logo.

O que não supero de jeito nenhum é espiar a carinha do Tom ao ver o Vitor, todo exibido, circulando pela sala de casa. Agora, o irmão pode escolher com o que brincar. Eu o coloco num canto e logo ele sai de lá, vai pro outro lado, tenta escalar a mesinha de centro, quebrar um enfeite, arrancar uma planta. Enquanto isso, o Tom fica sentadinho, olhando pra toda a ação com um ar um tanto desolado. Já nem liga mais pros brinquedos que ponho na frente dele. Dedica-se a admirar a proeza do outro. As pessoas têm me dito que isso é bom sinal. Que assim ele vai se sentir estimulado a engatinhar também. Mas hoje de manhã, foi bem difícil para mim, viu. Uma hora, não aguentei: sentei do lado dele. Ele se jogou no meu colo. E eu me rendi. Gastamos um bom tempo no chamego. Enquanto o Vitor... bom, o Vitor rasgava a capa de um livro!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Na praia

Antes: Eu chegava com calma, abria a cadeira, estendia a toalha na areia e tirava o short e a regata. Abria o protetor solar e passava pelo corpo com cuidado. Prendia o cabelo e caminhava até o mar. Andava devagar pro biquíni não sair do lugar, sabe? Enfim, não sei explicar direito, mas é uma técnica que desenvolvi ao longo de trinta anos. Um andar programado para as celulites não ficarem tão em evidência. Funciona, juro. Molhava os pés com pose de quem tem experiência. Podia até receber uns olhares. Olhava pra uns carinhas também. Então voltava pro meu canto. Folheava uma revista. Às vezes, lia até um livro. Falava ao celular. Tomava um sorvete. Reaplicava o protetor.

Agora: Cheguei já cansada com um deles no colo, monitorando o outro no colo da minha irmã. Nem sei como conseguimos jogar as bolsas na areia e com a boca puxar uma toalha e esticá-la para colocar os meninos em cima. Eles sentaram. Virei para abrir a cadeira e o Vitor caiu. Levantei-o. O Tomás comeu um punhado de areia. Foi questão de segundos mesmo para que a toalha deles ficasse já toda embolada. Ainda tentei passar o protetor em mim (sabiamente, eles já haviam saído de casa protegidos). Mas o creme mal secou na minha pele e eu já me vi obrigada a abandonar a frescura para pegar o Tom no colo, engasgado com a areia. Fiquei uma pessoa à milanesa. E, sim: sou paulistana do tipo que prefere piscina porque praia tem areia que coça. Resolvemos ir pro mar. Com 11 quilos no colo, o biquíni enfiou na minha bunda e eu não tive como tirar mais. O jeito foi caminhar até a água assim mesmo, torcendo para ninguém reparar nas celulites. Na metade do caminho, no entanto, como se não bastasse, o Vi resolveu brincar com a parte de cima do meu modelo cortininha comprado dois anos atrás (porque passei 2008 do tamanho de uma baleia e 2009 sem conseguir programar uma ida decente ao shopping). Quando enfim senti a água refrescante nos pés, minha irmã olhou pra mim um tanto assustada: "Gi, vc está com os peitos de fora!" Mas eu nem precisava me preocupar. Naturalmente, nenhum carinha olhava pra gente.

ps: Os meninos fizeram 1 ano! Dia 9 de janeiro, sábado. Estou devendo fotos do bolo, eu sei. Falta tempo, tempo, tempo, tempo...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Espelho



Eu resisto um pouco a esse tipo de brincadeira porque sinto que preciso evitar a todo custo as irresistíveis comparações a que eles serão submetidos o tempo todo. Mas, olhando essas fotos... tive de me render. Realmente, o jogo é uma tentação. Divirtam-se! Sim... eu sei quem é quem. Em tempo: Feliz Ano Novo pra todo mundo que nos acompanha por aqui!