quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A outra

Escolher uma babá para os meninos talvez seja a tarefa mais difícil que enfrento desde que eles nasceram. Comecei a entrevistá-las quando estava grávida, ou seja, quando não tinha a menor idéia do que exatamente perguntar a uma candidata. Nos decidimos por uma. E erramos, naturalmente. Na segunda tentativa, um pouco por sorte mesmo, acertamos. Digo sorte porque só se conhece de fato a pessoa quando se passa a conviver com ela: ditado que vale para relacionamentos amorosos e... babás. Acontece que esse achado, a Maria, recebeu agora uma proposta de salário melhor e pediu demissão. Fica com a gente só até dia 30. E, enquanto risco num calendário cada dia a menos que temos para encontrar uma substituta à altura, faço entrevistas. E me deparo protagonizando diálogos surreais. Juro: são todos verdadeiros.

Eu: Tivemos uma experiência com uma moça incrível, mas que decidiu ser minha amiga.
A candidata: Sei...
Eu: Tenho a tendência a dar mesmo liberdade demais para as pessoas, sabe?
A candidata: Sei...
Eu: Mas liberdade é algo que se conquista, né? Claro que ficaremos próximas, você vai cuidar dos meus filhos...
A candidata: É...
Eu: Mas isso precisa acontecer aos poucos, entende?
A candidata: Acho que sim...

Eu: Há uma linha muito tênue entre dar carinho e mimar as crianças, sabe?
A candidata: Acho que sim...
Eu: Quero que dê carinho, atenção, etc. Mas não carinho demais. Temos orgulho do jeito como eles são, ou seja, não são crianças chatinhas, que ficam chorando, querendo colo o tempo todo.
A candidata: Compreendo...

O pai: A Gi é muito bacana. Doce, compreensiva. Eu sou um cavalo.
A candidata: Sei...
O pai: Principalmente quando o assunto são meus filhos. Ou seja, se acontecer alguma coisa com eles, eu vou atrás até da sua quinta geração.
A candidata: Claro...

Bom, isso tudo para contar que dispensamos a primeira substituta da Maria há pouco. Na sexta começa uma outra, num processo um tanto traumático para mim. Chorei hoje ao me despedir de uma pessoa que ficou em casa por duas semanas apenas. E vim dirigindo pro trabalho pensando em como é louca essa independência feminina. Decoramos nossa casa, escolhemos o sofá confortável, a almofada bonita. Temos filhos - no meu caso, realizando o sonho acima de todos os sonhos. E aí vamos atrás de alguém parecido com a gente para cuidar deles. E para passar o dia sentada no tal sofá fofo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Eu me ofereco, se vc conseguir manter o mesmo salario que eu ganho no momento. E ainda fico disponivel 24hs com assistencia via cel., blackberry, e-mail e de motorista. Baba = com nivel superior, trilingue, experiencia no exterior e muito mais... A unica coisa que nao faco es cozinhar. Alem de AMAR muito aos 2 gordos mais lindos do mundo!!! Um MEGA deal. E pegar ou largar.

Unknown disse...

Ai que medo desta fase, amiga...chorei de ler seu relato, imagina quando eu passar por isso...!

Giovana Romani disse...

As candidatas não devem ter entendido nada que você falava. Coitadas... Sei que é caso seríssimo, mas não deixa de ter um pouco de graça, vai.
E aquela foto das bolinhas de sabão está tudo! Parece que eles fizeram um book!
Beijos, saudades...