domingo, 30 de agosto de 2009

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Quatro fotos atrasadas


Vitor (esq.) e Tom (dir.)

Tom (esq.) e Vi (dir.)

Meu yin e meu yang

Se pelo lado de fora eles alternam dias em que estão muito parecidos com outros em que não se parecem tanto assim, por dentro, as diferenças ficam cada vez maiores. E mais evidentes. Com pelo menos três dentes bem cerradinhos rasgando a parte debaixo da boca, o Tom tem passado bastante tempo ensaiando umas mastigadas. Raspa a língua na gengiva e dá risada. Enfim, curte a sensação que os novos "amigos" devem despertar. Quando esquece um pouco dos dentes, pede colo. Mas não pense você que ele quer afago e sossego. O Tom gosta de brincar de cavalinho. Uma versão que ele mesmo descobriu, diga-se de passagem. Funciona assim: a gente o coloca sentado na ponta de uma das pernas, segura-o só pelas mãos e então ele fica se balançando sozinho. Vai pra frente, pula pra trás, se desequilibra pros lados. Não quer, no entanto, que a gente se mexa. Ele é quem faz os movimentos. E assim pode gastar um dia inteiro. Sem exagero.

O Vi não se empolgou com o exercício, não. Também não tem ainda nenhuma ponta de dente à vista. Em compensação, aprendeu sozinho a mandar beijo e agora manda beijo o tempo todo. Pra todo mundo. E se diverte com o barulho do estalo dos lábios. E com os sorrisos que recebe em troca. Entre um beijo e outro, ele mesmo sorri gostoso, de um jeito tímido e doce. Fora isso, mantém uma cara mais fechada, observadora. Nada exagerado é com ele. O Vi não gosta de muito barulho, de muita bagunça, de muita festa. Para conquistá-lo, precisa-se chegar devagarinho. Agora, para ficar satisfeito mesmo, basta que o deixem sentado. Sentado, ele olha tudo em volta. Sentado, ele pode gastar um dia inteiro. Sem exagero.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Rotina

Agora já dá pra dizer com certeza. Eles adoram a rotina que criamos para eles, a sensação de saberem exatamente o que vai acontecer agora. E daqui a pouco. E mais tarde. Mas manter os horários certinhos não é muito fácil. No fim de semana então... Haja rebolado para estar com a sopa quentinha ao meio-dia, a fruta às três e, nesse intervalo, curtir um almoço gostoso, de preferência em um restaurante legal. Ou tomar um banho demorado, sabe? Tem dia em que dá vontade de entregar os pontos e ficar em casa mesmo, de pijama, com toda a infra-estrutura ao redor. Passei alguns finais de semana assim. Com os cardápios de delivery espalhados pelo sofá. Mas a segunda-feira chega logo e há coisas muito bacanas acontecendo do lado de fora.

Ontem, portanto, a gente saiu o dia todo. Com carrinho duplo, mala de fraldas e roupas extras, mamadeiras, papinhas, tudo entulhado no carro, junto com uma dose e tanto de fôlego. Sério. Já disse isso aqui, mas é impossível não repetir: sair com os dois é tipo prova de maratona. Detalhe: tanto o pai quanto a mãe estão longe do perfil "esportista". Normalmente, chegamos na garagem já com vontade de subir as escadas de volta. Mas, daí, um olha pro outro e manda ondas de energia suficientes para girar a chave e abrir o portão.

No fim da tarde, os dois ficaram com os avós e nós fomos ao cinema. A primeira sessão desde que eles nasceram. Gostei. Gostei de entrar na fila sem precisar checar a cada minuto se uma das chupetas caiu. Gostei de assistir a um filme de uma vez, sem intervalo. Mas gostei mais ainda da reação da dupla quando chegamos em casa à noite. O Vitor e o Tomás, que agora têm curtido andar de mãos dadas, espiaram o quarto, reconheceram os berços, o cheiro dos travesseiros, o latido do cachorro, e abriram um sorriso. Eles sabem onde moram. E, pelo menos por enquanto, adoram a rotina que criamos para eles.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Atchim! Saúde!

Você sabe a diferença de gripe e resfriado? Eu não sabia até outro dia. Mais precisamente até segunda-feira passada, quando o Vitor e o Tomás amanheceram com o nariz escorrendo e uma tosse chatinha. Fomos pro médico. Ele perguntou se os meninos tinham febre e, diante da resposta negativa, diagnosticou: "Estão resfriados então, e não gripados". Receitou um xarope e nos mandou pra casa. Aprendi há uma semana que, para dizer que alguém está gripado, é preciso usar o termômetro. Aprendi também que gripe sempre exige mais cuidados. Resfriado não. O que não significa que a minha dupla, resfriada, ficaria livre de choros constantes, irritação, noites em claro.

No primeiro dia, eu até tentei ensiná-los a assoar o nariz. Mas depois me disseram aqui no trabalho que isso as crianças só fazem mesmo quando completam quatro, cinco anos. Mesmo assim com dificuldade. O jeito foi passar a semana com uma fraldinha na mão, limpando o que escorria. E, digamos assim..., escorria muita coisa porque os dois, nervosos por não conseguir respirar, abriam o berreiro. E assim se entupiam cada vez mais, claro. Eles ficaram meio pra baixo. E, em vários momentos, eu me peguei fora de controle. Pela primeira vez, o Vitor, com o sono mais leve e incomodado, acordou toda vez que o Tomás chorou. E vice-versa. Numa noite aí, choramos nós três.

Hoje, dá para falar que a situação está mais tranquila. Eles voltaram ao bom humor de sempre. E já não espirram e tossem tanto. Eu e o pai é que acordamos com dor de garganta. Por causa desse incômodo, da semana passada e de umas coisinhas mais, estou um caco. Mas, pelo menos, aprendi a diferença de gripe e resfriado. Aprendi também a trabalhar - e tenho trabalhado muito! Eta Lei de Murphy! - com o coração na mão, pensando neles doentes em casa.

ps 1: O médico chegou a desconfiar de que o resfriado era por causa dos dentes nascendo. A Maria, a babá, bancou a mesma idéia. Pois ontem à noite a gente sentiu: tem uma pontinha de dente rasgando a gengiva do Tomás! No Vitor ainda não.

ps 2: O enfermeiro do meu trabalho falou que estou com um músculo das costas inflamado por carregar excesso de peso. É... dezoito quilos em um carrinho só... ou duas sessões de banho com anjinhos de nove quilos nos braços...

ps 3: Também estava com saudade de escrever aqui pra vocês.

domingo, 2 de agosto de 2009

Duas fotos de domingo


a família toda

D-D-Gi

Ontem à tarde resolvi levar os meninos para um passeio na casa da avó. Foi a primeira vez que me arrisquei a sair sozinha com os dois. Troquei as fraldas, agasalhei a dupla, preparei a mala, desci para o carro com o Vitor primeiro. Enquanto o amarrava na cadeirinha, fui explicando que ia deixá-lo ali só um pouquinho, o tempo de buscar o irmão. Virei para subir a escada novamente e dei de cara com ela, bem no meio da porta de saída da garagem. Grandona. Gordona. Com asas vitaminadas. Asquerosa. Em 33 anos de vida, eu nunca matei uma barata. E, aqui, é preciso contar rapidamente um episódio para vocês entenderem a dimensão da coisa: quando morava sozinha, cheguei a certa vez me trancar num quarto e ligar para um amigo ir me salvar de uma delas. Na frente de uma barata, eu berro.

Ontem, porém, eu dei só um gritinho de mulherzinha. Na hora, lembrei do Vitor atrás de mim. E abafei o escândalo. Daí fiquei uns segundos entre os dois - a barata e o Vi. Vontade eu tinha de sair correndo, mas não deixaria meu filho com a bicha por nada neste mundo. Respirei fundo. Pisei na gorda. Dei outro grito na seqüência. Um misto de satisfação e nojo. Mas, pela primeira vez, diante de uma barata, eu não fui uma mulherzinha. Eu salvei meu filho. Daí sim eu saí correndo. Mas para pegar o outro que, a essa altura, chorava sozinho em casa.

sábado, 1 de agosto de 2009

Receita de "manteiga"

Desde que o Vi e o Tom nasceram, eu choro todo dia. Sem exceção. Não é um choro chôôôro, sabe? Ok... às vezes é... Mas, na maior parte dos momentos, é um choro leve, desses que, se alguém ameaça entrar na sala, por exemplo, dá tempo de enxugar rapidamente a lágrima e esconder a cena. Ou seja, eu tenho mantido a pose. Daí, ontem, voltando pra casa, resolvi matar o tempo no trânsito pensando nos motivos que hoje me deixam assim tão "manteiga". Cheguei a uma lista. Choro porque:

- eles são a prova de que alguma coisa de bom eu tenho feito na vida para merecê-los
- janeiro, o mês interminável na UTI, virou definitivamente uma história para contar
- eles estão cada vez mais idênticos e, volta e meia, confundem as pessoas
- tenho medo de não dar carinho e atenção em doses iguais
- sinto falta de dormir até meio-dia. E de fazer as coisas sem precisar de tanto planejamento
- eles conversam entre eles
- eles já ficam sentados no cadeirão, batendo as mãos na bandeja à frente como quem diz: "quero sopa!"
- eles batem um pratão de sopa cada um
- aprendi a usar uma panela de pressão só por causa deles
- já sinto saudade dos meses em que conseguia carregar os dois no colo ao mesmo tempo
- eles me reconhecem. E reconhecem o pai
- eles mandam beijo. Desses que desarmam qualquer cansaço. Qualquer mau humor
- aos poucos aprendo a ver a vida como ela é. E ela não é um conto de fadas, mas também não é um dramalhão eterno
- eles ainda mamam no peito
- eles despertam nas pessoas seu melhor lado
- tenho medo de estragá-los com minhas neuroses
- percebo cada vez mais que nada é garantido 100 por cento na vida
- consigo fechar mais uma edição da revista, mesmo com tanta coisa nova em volta
- não posso protegê-los de tudo
- sou hoje capaz de amar mais. E de um jeito melhor
- entram aqui, todo dia ou de vez em quando, pessoas queridas demais. Que choram com o que escrevo. Que me conhecem bem e me aceitam assim. Que torcem por mim