segunda-feira, 25 de maio de 2009

Lado a lado

Tom (esq.) e Vi (dir.): 29 de janeiro, na UTI do hospital

Hoje, o Tomás acordou umas sete da manhã, berrando. Muito. Ele tem uma personalidade forte. Quando não quer conversa, não há quem consiga lhe arrancar um sorriso. Mas, também, quando está de bom humor, distribui caretas fofas e simpáticas até para uma parede - é sério isso, não é modo de falar, não. Bom, hoje: levantei meio assustada e tentei acalmá-lo com a chupeta. Normalmente, só abrimos a janela em sinal de "bom dia" lá pelas oito. O Tom, no entanto, não parou de reclamar. Depois de umas quatro tentativas, alternadas com o pai, resolvi trazê-lo para a nossa cama. Estava ainda meio tonta de sono. Abri a blusa do pijama e dei o peito. Ele agarrou meu seio com uma vontade que fazia tempo que eu não via. Fechou os olhos de satisfação. Depois, ficou me encarando, como quem agradece, sabe? Mamou por quarenta minutos. Sem parar. O Tom acordou com fome e eu pude ajudá-lo. Ai... pode soar meio melancólico este texto mas, como vocês já estão avisados, me preparo espiritualmente para a volta ao trabalho. E isso implica em deixar de amamentá-los. Bem, vou tentar fazer isso ainda de manhã e à noite, mas sem a rotina de mamadas a cada três horas (agora quatro) sei que, aos poucos, o leite vai secar. E isso dá uma dorzinha chata e aguda no peito (não resisti ao trocadilho!).
As mães vão me entender: o começo dessa relação com os filhos é bem difícil. O seio dói, o leite vaza, empedra, a gente tem febre. Demora até atingirmos a fase do clichê "amamentar é a melhor coisa do mundo". Lembro que, por um tempo, duvidei bem de que fosse dizer isso um dia. Pois agora eu repito a toda hora: amamentar é mesmo a melhor coisa do mundo. Os médicos falam que quando são bem novinhos, os bebês enxergam só a uma determinada distância. Como calculá-la? É exatamente a distância que ficam do rosto da mãe quando estão mamando. Por isso nos reconhecem tão rápido. Ficar com eles assim, pertinho da gente, é desses momentos que nem devem ser muito descritos porque caem numa pieguice longe do que de fato ocorre. Não dá para explicar. Melhor só sentir.

E, pra mim, amamentar teve um gostinho especial ao longo desses meses porque me preparei muito para enfrentar a possibilidade de não conseguir viver essa experiência. Sabíamos de antemão que eram grandes as chances de eu não ter leite por causa do parto prematuro. Meu leite desceu, mas os meninos ficaram um mês na UTI e, nesse período, receberam o meu leite por sonda e depois por mamadeira, já que não dispunham de força para sugar direito. Só mais tarde é que pude colocá-los no meu peito. E aí havia o risco de eles recusarem o exercício. Mas os dois se lambuzaram como se viessem fazendo isso desde o primeiro dia de vida. Nossa! Foi uma alegria. Na manhã de 29 de janeiro, os dois mamaram juntos pela primeira vez, na sala da UTI semi-intensiva do hospital. Eu escutava essa sugestão de dar o peito para eles ao mesmo tempo nos cursos de gestante, mas, de novo, pensava que era mais conversa de enfermeira ou cena de propaganda de margarina. Nunca sonhei em protagonizar algo assim. Nunca imaginei que fosse ainda achar a estratégia bem prática. Pois durante dois meses e meio, o Vitor e o Tomás mamaram lado a lado. Só parei de colocá-los juntos quando ficaram pesados e compridos demais. Deixar de ter os dois nos meus braços, na mesma hora, foi difícil. Agora, me aproximo de deixar a amamentação de vez. Poxa! Valeu muito enquanto durou! Já sinto saudade.

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