segunda-feira, 18 de maio de 2009

Um aperto

Estou com um aperto no coração. Daqui a exatas três semanas eu volto a trabalhar. Tenho saudade da minha vida de antes, claro. Nem passa pela minha cabeça abandonar a carreira (ou melhor... quando a idéia passa, ela vai embora rápido). Mas deixar os dois em casa o dia inteiro parece algo impossível no momento. Só de falar, dá falta de ar. Sempre senti um frio na espinha quando me perguntavam sobre o fim da licença mas, agora, o frio tomou conta do corpo todo. Alterno instantes equilibrados, em que me concentro nas contas a pagar, no possível orgulho que o Vitor e o Tomás possam ter da mãe trabalhadora... com episódios de descontrole absoluto. Hoje, comecei a chorar na fila do supermercado. Havia quatro pessoas na minha frente, com carrinhos cheios de compras, e me bateu um desespero digno de quem precisa se internar. Eu pensava: "Ai... Vou demorar aqui mais do que o previsto! Estou gastando "aqui" um tempo em que deveria estar com os meus filhos! Daqui a pouco, eu não vou poder beijá-los assim, no meio da manhã!" Quase larguei o saco de cenoura no chão e saí correndo.

Não fiz isso. Tomei fôlego e resolvi encarar a chatice do mercado como um treino para o tal dia 8 de junho, data da minha volta à revista (eu trabalho numa revista). Sei que devo parar de me fixar tanto nesse bendito dia porque assim acabo não aproveitando direito nem as três semanas que ainda tenho. Mas dizer isso para uma ansiosa patológica é o mesmo que pedir, num bar, para um alcoólatra se comportar. As mamadas, as trocas de fralda, os banhos, tudo tem assumido um gostinho de despedida. Sei lá. Soa como exagero isso escrito desse jeito, eu sei. Mas o que eu posso fazer? Deve ser o tal instinto materno misturado com umas doses extras de hormônios femininos. O fato é que ando chorando pelos cantos.

Hoje foi ainda o primeiro dia da babá no horário combinado para que ela possa cuidar deles na minha ausência. Uma hora, fiquei escondida, observando-a com os meninos, e pude imaginar direitinho a rotina da casa sem mim. Dá-lhe aperto! Mas eu confio que vamos ficar todos bem. O problema, por enquanto, é aguentar um coração em formato de ampulheta e fechar os olhos e ver um luminoso, piscando, bem grande: 8 de junho. Pra mim, vai ser como um primeiro dia na escola. Só que meu. Não do Vi e do Tom. Meu, aos 32 anos de idade.

3 comentários:

Anônimo disse...

Calma querida, pois tudo ficara bem. Curta cada segundo dessas 3 semanas, mas ao mesmo tempo lembre-se de que depois dessas 3 semanas vc continuara tendo eles pertinho de vc, so que com horarios mais restringidos. Amo mto vcs, Sa, a irma, tia e madrinha.

Marina disse...

Gi, forca e tranquilidade...como voce mesma disse: primeiro dia de escola, dia em que bate uma inseguranca, medo, expectativas e uma vontade de que "o tempo passe voando".
Assim sera, mas so no comeco. Voce vai ver que, algumas semanas depois, voces ja estarao com uma rotina mais tranquila. A ansiedade de agora e normal...e, sim: sao os hormonios, amor de mae e um pouquinho de "noia" que nos, maes, temos todas, nao?! :-)).
Desejo que seja um comeco tranquilo, que voces se adaptem bem e que voce olhe, daqui a algum tempo, para tras e veja que tudo se ajeitou.
By the way: as bochechas mais "bochechudas", que fofura!!!

Tatu disse...

Ainda bem que você já sabe que não vale a pena colocar a carroça na frente... curta muito e espere chegar o tal dia 8. Se animar, dia 11 já é feriado! hahaha